quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Filmes da(s) semana(s)* (28/07 a 18/08)




Sabotagem (Sabotage, Reino Unido, 1936, 76 min): Um dos primeiros grandes filmes de Hitchcock, este filme apresenta a busca da polícia por um homem que comete atentados em Londres. Aqui, não importa os motivos do sabotador, busca-se a tensão, e nesse sentido, a cena do ônibus é maravilhosa. O filme também impressiona em seu final em que um personagem acaba “se dando bem” mesmo tendo feito algo errado. 4 estrelas.

A Origem (Inception, EUA/Reino Unido, 2010, 148 min): Simplesmente o melhor filme do ano até o momento. O Diretor Christopher Nolan constrói um filme complexo e ao mesmo tempo brilhante, em que realidade e sonho se confundem, e nesse sentido, a dúvida é um elemento importante do filme, pois é o que ajuda a mantê-lo vivo depois de terminado. Os efeitos especiais são soberbos e utilizados na medida certa. A trama é envolvente, e apesar da complexidade, com a ajuda da edição, nunca fica confusa. Filmaço. 5 estrelas.

Nasce uma Estrela (A Star is Born, EUA, 1954, 176 min): Mais um dos grandes musicais de Hollywood, estrelado pela magnífica Judy Garland, cujo talento realmente residia na música, e não na beleza. O filme, apesar de não trazer nenhuma música que grude na cabeça após o filme acabar tem uma temática muito interessante, a da estrela em ascensão que casa-se com a estrela em decadência, só que aqui as coisas não ficam certinhas como se esperaria de um blockbuster. No aspecto técnico, o filme também é soberbo, e a sequência em que se mostra uma cena do primeiro filme do personagem de Garland é absurda de tão boa. 5 estrelas.

Laços de Ternura (Terms of Endearment, EUA, 1983, 132 min): Famoso filme que mostra a história de gerações de mulheres de uma família; aliás, mulheres é a palavra-chave, afinal, esse filme claramente é voltado para o público feminino, estabelecendo o seu cerne principalmente no relacionamento de uma mulher com sua possessiva mãe e seu inconstante marido; no fim descambando para um drama de doença. Devo confessar que não entendi o motivo da grande badalação que esse filme tem, pois ele é um filme com uma história normal, cuja trilha sonora às vezes irrita pelo momento importuno de sua entrada; o grande trunfo são as atuações, com Jack Nicholson correto e Shirley MacLaine simplesmente arrebatadora. Os Simpsons só existem por causa desse filme. 3 estrelas.

Legião Invencível (She Wore a Yellow Ribbon, EUA, 1949, 103 min): Mais um clássico faroeste de John Ford que traz todos os batidos elementos do gênero: o ataque iminente dos índios, o membro do exército que tem que se superar e até ir contra as ordens para salvar seu pessoal, e a cavalaria que chega na última hora. Pra mim o destaque desse filme foi a qualidade com que John Wayne, um ator acostumado a tipos duros, transmite a emoção de um sujeito que está se aposentando e vislumbra um futuro sem metas. 3 estrelas.

Os Homens que Encaravam Cabras (The Men Who Stare at Goats, EUA/Reino Unido, 2009, 94 min): Esse filme trazia uma premissa interessante, a de que o Exército americano queria criar um esquadrão de soldados paranormais para atuar nas guerras; e o fato de o gênero ser uma comédia empolgava ainda mais, mas a verdade é que o filme, que ia bem, em algum momento se perdeu, e o resultado final acaba sendo xôxo. Pra mim, o problema foi que ao apresentar que muito do visto se tratava de uma história real, criou uma certa expectativa de que ao final veríamos o impacto daqueles fatos na vida real, o que não aconteceu, aliás, o filme não delimita o que é real e o que é ficção, e apesar da história “bacaninha”, frusta, diga-se de passagem, o terço final do filme é muito arrastado. Muito boas no entanto são as atuação de George Clooney e Jeff Bridges que sempre roubam a cena. 3 estrelas.

Pacto Sinistro (Strangers on a Train, EUA, 1951, 101 min): É impressionante o tanto que os filmes de Hitchcock são iguais, mas mesmo assim são ótimos. Aqui, novamente, temos uma trama em que um homem se vê envolvido em algum tipo de conspiração; no caso, famoso tenista que quer se divorciar encontra em um trem um sujeito que quer matar o pai, este então sugere que eles “troquem assassinatos”, o que o tenista não concorda, mas não vai ser suficiente para que o homem mate a esposa do outro e passe a cobrar que o tenista mate o pai dele. Já deu pra perceber que a trama é bem tensa, e como sempre, Hitchcock sabe construir essa tensão, nos pondo sempre na dúvida sobre o que vai acontecer. 5 estrelas.

Golpe de Mestre (The Sting, EUA, 1973, 129 min): Enganar. Basicamente é isso que os protagonistas de “Golpe de Mestre” fazem com suas vítimas, as enganam (e depois as roubam). E é isso mais ou menos que acontece com o expectador desse filme, que vai esperando um bom filme e é enganado, pois o filme é excelente. O roteiro é simples; uma vingança com o objetivo de roubar um vilão, e o plano para isso, apesar da engenhosidade, também é bastante simples. Direção de arte e figurinos são um show à parte, recriando com maestria a Chicago da década de 1930 e as roupas do período. E tem ainda trilha sonora, marcante. 5 estrelas.

New York, New York (idem, EUA, 1977, 155 min): Incursão de Scorsese aos musicais, este filme é uma espécie de “Touro Indomável” musical, vez que os personagens vividos por Robert De Niro, nos dois filmes, são muito semelhantes, homens que são muito bons naquilo que fazem, mas que são violentos e inconsequentes com aqueles que amam, e nos dois casos, os personagens de certa forma alcançam uma espécie de redenção ao fim da projeção. Compondo o elenco temos Liza Minelli, nada mais nada menos que a filha de Judy Garland, e assim como a mãe, é talentosíssima cantado e dançando, não por ser bonita. De Niro está impecável (mais uma vez pra variar), fazendo com que o expectador alterne seu sentimento em relação ao seu personagem, às vezes achando graça dele, por ser um sujeito um tanto quanto cômico às vezes nos fazendo odiá-lo por sua falta de sentimentos. A parte final do filme ainda traz uma certa homenagem aos grandes clássicos musicais, numa sequência muito boa. 4 estrelas.

Homem Morto (Dead Man, EUA/Alemanha/Japão, 1995, 121 min): Interessante faroeste sobre homem que vem do leste e acaba matando um homem, filho de um poderoso da região e tem que fugir, sendo ajudado por um índio em seu caminho: Ninguém (é o nome do índio). Esqueça aqui sobre o comum em faroestes, isso não é interessante ao Diretor (Jim Jarmusch), o que se busca é a viagem espiritual que o personagem de Johnny Depp passa, de um lado, o homem assustado se transforma num homem mais violento, enquanto por outro, clareia sua mente para um novo mundo e idéias. 4 estrelas.

Como Era Verde Meu Vale (How Green Was My Valley, EUA, 1941, 118 min): Filmes de família são sempre muito poderosos quando bem feitos. Aqui está um exemplo de um poderoso filme sobre a família, que acompanha a vida de um garoto em um vale minerador no País de Gales. A beleza desse tipo de filme reside na identificação que o expectador cria com os personagens e situações; a admiração pelos pais/costumes, a saudade das coisas da infância, a dureza do crescimento, etc. Esse filme também é famoso por ter sido o filme que derrotou “Cidadão Kane” (considerado o melhor filme de todos os tempos) no Oscar. Apesar de não ser melhor que “Cidadão”, e de a vitória ter se dado por conta de fatores políticos, não é nenhum demérito a vitória de “Como era verde...”, um grande filme de John Ford. 5 estrelas.

Assim Estava Escrito (The Bad and the Beaultiful, EUA, 1952, 118 min): Bom filme que, a meu ver, parece uma espécie de “Cidadão Kane” de um produtor de cinema (guardadas as mais que devidas proporções). Acompanhamos, em flashback, a vida de um produtor de cinema que, do nada, vai lentamente ascendendo ao estrelato, e ao mesmo tempo embora também alavanque a carreira dos amigos, acaba destruindo a amizade entre eles. O interessante nesse filme é ver como funcionava o antigo sistema de filmes de Hollywood, em que as oportunidades aos atores/diretores/roteiristas eram muito mais restritas. A Trama, nesse sentido é envolvente, ágil e direta. 4 estrelas.

Ladrão de Alcova (Trouble in Paradise, EUA, 1932, 83 min): Comédia bacana pelo fato de ser bem à frente de seu tempo, mesmo sendo feita no comecinho da década de 30. Apesar desse “avanço”, o fato é que para os dias atuais, ela não vai gerar tantas situações de risadas. Na minha opinião os pontos altos do filme são quando estão em cena os pretendentes pela mão de uma ricaça. 3 estrelas.

Serpico (idem, EUA/Itália, 1973, 130 min): Sem sombra de dúvidas um dos grandes filmes de Al Pacino, pois esse filme é todo em cima dele, a trama depende da convicção de sua atuação, que é simplesmente genial; vamos acompanhando ao longo do filme a carreira de Frank Serpico que de um jovem e idealista policial vai se transformando em uma pessoa amargurada e intratável por conta da corrupção policial que ele tenta mudar mas nunca consegue, e o fato de tentar ou não aceitar a corrupção o torna um pária entre seus colegas. O tom depressivo do filme também ajuda a construir essa atmosfera triste em que não se vislumbra saída para o personagem. 5 estrelas.

Até a Vista, Querida (Murder, My Sweet; EUA, 1944, 95 min): Clássico filme noir de detetive em que ele se vê envolvido em uma grande trama por algum objeto valioso, em que há femmes fatalles e homens poderosos dispostos à tudo. O filme, apesar de em alguns momentos me parecer uma certa cópia de “Falcão Maltês”, funciona muitíssimo bem, com sua trama elaborada (que ao final é na verdade bem simples), cheia de reviravoltas e surpresas. Esse tipo de filme pra mim só tem um defeito: o pessoal fala rápido de mais, e fica meio difícil pro público assimilar rapidamente o caminhão de informações que é despejado em você (a má tradução da legenda tb contribuiu pra isso). A última cena do filme, depois que tudo já foi explicado, também me incomodou um pouco, por ser um tanto “feliz demais”, e destoar do resto do filme, ainda assim, uma boa pedida. 4 estrelas.

Ladrões de bicicleta (Ladri di Biciclette, Itália, 1948, 93 min): Poderosíssimo drama sobre um homem que, numa Itália pós-guerra cheia de desempregados, necessita de sua bicicleta para sobreviver; e quando ela é roubada, inicia sua via sacra para tentar encontrá-la. A atuação de Lamberto Maggiorani é sensacional, interpretando seu personagem com sensibilidade ele vai do pai e esposo carinhoso aos momentos de amargura e desespero. Permeado por um tom depressivo, não vemos, ao longo do filme, uma espécie de saída para o personagem principal, vez que encontrava-se envolto em uma sociedade cruel e tão desamparada como ele, que fazia de tudo para sobreviver. 5 estrelas.





*Os filmes da semana são mini-críticas, altamente pessoais e subjetivas, sobre os filmes que eu vejo durante a semana. O cartaz do post é sempre do filme que eu mais gostei.

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