quinta-feira, 18 de março de 2010

Filmes da semana (10/03 a 17/03)



O Iluminado (The Shining, Grã-Bretanha/EUA, 1980, 146 min): Stanley Kubrick não é um dos mestres do cinema à toa. Logo nos primeiros minutos de "O Iluminado" vemos a família Torrance seguir feliz para o hotel em que Jack (o pai) ficará como zelador por 5 meses, tempo que o hotel fica fechado por conta da neve nas montanhas do Colorado. Mas há algo errado ali, vc sente isso, antecipadamente vc fica com a sensação de que algo vai dar errado. Méritos de Kubrick, que a cada minuto vai construindo um clima de tensão, que é potencializado pelos espaços amplos e vazios do Hotel (que, em tese, é um personagem do filme) e pela atuação do sempre ótimo Jack Nicholson. Destaque aqui também para a direção de arte com as tapeçarias mais exóticas possíveis, que se encaixam belamente naqueles ambientes. Detalhe ainda para as sutilezas do roteiro; uma das últimas coisas que Jack Torrance fala antes de começar as ver os fantasmas do hotel (sentado no balcão do bar) é: "eu venderia minha alma por um copo de bebida, e PUM, logo a seguir aparece um bartender. Por fim, antes de Jack ficar totalmente louco, ele tem uma conversa com o antigo zelador do hotel (que já está morto), esse encontro acontece no banheiro, que é todo pintado de vermelho, na minha opinião, uma referência clara do inferno. E assim, kubrick constrói esse grande filme de terror que impressiona e entretém. 5 estrelas.


Ilha do Medo (Shutter Island, EUA, 2010, 138 min): Martin Scorsese não é um dos mestres do cinema à toa. Mas ele errou a mão nesse filme. Não que "Ilha do Medo"(título horrível por tentar fazer analogia à "Cabo do Medo", também do Scorsese) seja um filme ruim, mas aqui Scorsese está claramente trabalhando fora de sua "área de atuação" (aliás, se eu não soubesse que era um filme do Scorsese, eu levaria um susto ao ver os créditos finais), e acaba caindo em certos clichês do gênero, como corredores escuros com luzes falhando. Certo é que o Diretor trabalha com habilidade ao estabelecer o clima tenso do filme, mas o final, convenhamos, de certa forma é previsível, e apesar de belamente elaborado, tem um q de frustrante na "revelação". Mas se tem algo que eu gostei muito no filme foi a trilha sonora, que ajuda a estebelecer, logo de início, o clima de tensão. 3,5 estrelas.


Matrix (The Matrix, EUA/Austrália, 1999, 136 min): É incrível pensar que esse filme já tem 11 anos, tendo em vista o quanto ele se mantém atual. Tecnicamente, ele foi um salto para o cinema, vez que foi o criador do famoso (e depois, brega, já que todo e qualquer filme passou a usar a técnica) "bullet time". Em termos de enredo, "Matrix" é fenomenal, visto que traz uma leitura ampla e filosófica sobre vários aspectos da vida humana, utilizando a disputa entre máquinas e homens para ilustrar isso. Baseado profundamente no "mito da caverna", de Platão, Matrix sugere que os homens estão cada vez mais presos a sistemas de controles, alheios à realidade (que é feia), defendendo e aprofundando esses meios de dominação sobre o homem. E pelo meio do filme ainda tem lutas de kung fu, tiros e explosões, o que, convenhamos, não é nada mal, né? 5 estrelas.


Matrix Reloaded (The Matrix Reloaded, EUA//Austrália, 2003, 138 min): Em "reloaded", as questões filosóficas são postas um pouco mais de lado e concentra-se mais na ação. Resultado: "Matrix Reloaded" é um bom filme, com cenas de ação excepcionais (a cena de perseguição na rodovia é fantástica) e ainda com um bom tanto de questões "profundas", digamos assim, com temas sobre o destino e a realização, na conversa com o arquiteto, que o escolhido é também, em suma, um sistema de controle. No quesito efeitos especiais, o pessoal começou a perder a mão, com a exagerada utilização de bonecos digitais, que simplesmente estragam cada frame em que eles aparecem. Há de se ressaltar também que o uso em demasia de câmera lenta acaba irritando o espectador. 4 estrelas.


Matrix Revolutions (The Matrix Revolutions, EUA/Austrália, 2003, 129 min): Aqui a mão é perdida de vez. Chegamos ao capítulo final da luta entre homens e máquinas, mas aparentemente os Wachowski não souberam que tom dar à narrativa, ou, ficaram tão deslumbrados com os recursos que tinham em mãos, que, na tentativa de fazer algo épico, não fizeram coisa nenhuma. O roteiro tem pontas soltas que não são resolvidas e acabam confundido o expectador; em termos de arte marcial, as lutas não são imaginativas, e ao final, chega a ser constrangedor o estilo "Dragon Ball" de luta. A ação é bem elaborada, mas se estende por um período de tempo tão longo que acaba ficando chata. 3 estrelas.

Animatrix (The Animatrix, EUA, 2003, 102 min): "Filme" feito em animação, segmentado em vários capítulos com temáticas diferentes relacionadas com a história da Matrix. Destaca-se aqui que os Wachowski sempre foram fãs de anime, e esse é o estilo de todo o filme. Assim, algumas histórias apesar de serem muito bonitas graficamente falando são totalmente inócuas, sendo apenas um exercício de estética, sendo o caso, por exemplo, da história noir envolvendo Trinity. Por outro lado, o ponto forte, tematicamente, reside exatamente nas primeira animações, "o Último voo de Osíris", que conta como Sião foi avisada do ataque das Máquinas à cidade; "A Nova Renascença" (que em portugês ganhou o título horrível de "o novo renascer"), que conta como começou o embate homem e máquina; e "A História do Garoto", mostrando como foi a "extração" daquele menino chato que segue o Neo em Sião nos Matrix Reloaded e Revolutions. 3 estrelas.



Quer ver minhas críticas passadas? CLIQUE AQUI.

Nenhum comentário: