O Nascimento de Uma Nação (The Birth of a Nation, EUA, 1915, Dir.: D.W. Griffith, 190 min): Se vc já foi a um cinema e passou um bom par de horas assistindo a um filme, vc deve isso a O Nascimento de Uma Nação. Até então o cinema era dominado por curtas-metragens, e foi esse filme que fez os investidores (não existiam estúdios) perceberem que longas podiam ser feitos e rendiam. Ademais, vários aspectos técnicos presentes nos filmes até hoje se devem à esse filme; é o caso da edição, mostrando ações paralelas ocorrendo simultaneamente, ou a utilização de locações para filmagens, câmeras posicionadas em carroças (creio eu) acompanhando atores que galopavam, tramas secundárias, etc, etc. Mas pelo lado negativo, O Nascimento de Uma Nação tb é notável pelo seu tema racista presente, em que os Negros seriam os culpados pela Guerra da Secessão e posteriormente pelo caos econômico-social do Sul pós-guerra, fraudando eleições e, na Assembléia estadual, se portavam bêbados e colocando os pés descalços sobre as mesas, nesse contexto, a Ku Klux Klan seria o grupo que salvou o sul do "Império Negro". Esse seria o filme da semana, em razão de seus aspectos técnicos, mas não poderia elencar um filme com tom tão racista. Divido a nota em dois. 5 estrelas (aspectos técnicos)/ 0 estrela (história do filme).
Os Gritos do Silêncio (The Killing Fields, Reino Unido, 1984, Dir.: Rolland Jofé, 141 min): Baseado em fatos reais, conta a história da tomada pelo Poder, no Camboja, pelo Khmer Vermelho; e no meio da história encontram-se um jornalista americano e seu colega cambojano, que não consegue fugir do país. Especialmente forte na segunda metade do filme, em que o foco passa a ser a tentativa de fuga de Dith Pran, Os Gritos do Silêncio é um ótimo filme sobre um período conturbado e a (pra variar) falha política externa norte-americana. Curioso é também o personagem Sydney Schanberg, que não sai do país quando tem a oportunidade e faz com que Dith Pran fique com ele, sendo que num momento posterior, ele é obrigado a abandonar o amigo. Vale ainda ressaltar o final brega com a música Hey Jude. 4 estrelas.
Intolerância (Intolerance: Love's Struggle Throughout the Ages, EUA, 1916, Dir.: D.W. Griffith, 163 min): Feito como uma reação às críticas que recebeu por O Nascimento de Uma Nação, Intolerância é uma espécie de crítica à censura e bem, à Intolerância, e para isso, Griffith mostra mais uma vez seu virtuosismo técnico, contando 4 histórias (uma na década de 1910, outra na época de Jesus, outra na época da Babilônia e uma na França na época do Rei Carlos IX) apresentadas de forma não aleatória. Pra mim o ponto alto do filme são as cenas na Babilônia, que tem uma direção de arte de deixar qualquer filme atual de queixo caído; os cenários são simplesmente suntuosíssimos. A história, apesar de interessante, está um tanto datada, mas chamo atenção para o final em que uma pessoa na beira da execução é salva no último momento, firmando ali o stablishment do feel good movie que Hollywood adora fazer. 4 estrelas.
Narciso Negro (Black Narcissus, Reino Unido, 1947, Dir.: Michael Powell e Emeric Pressburger, 100 min): História interessante sobre um pequno grupo de freiras que são convidadas a estabelecer um pequeno convento na Índia, no alto de uma montanha, num local onde era um Harém de um Marajá. Talvez influenciadas pela aura do lacal de "devassidão", as freiras vão aos poucos perdendo a sanidade, em algumas tendo o efeito perturbador de trazer à memória coisas que gostariam de esquecer. O estado mental também é perturbado pela falta de objetividade no serviço que prestam, pois lecionam inglês e francês para pessoas que não se interessam(na verdade são obrigadas pelo Marajá), nem podem atender, no hospital que criaram, casos mais graves. Há ainda a presença de um inglês que está quase sempre de bermuda ou torso desnudo, o que acaba mexendo com alguma das freiras. Engraçado ainda analisarmos o nome do convento que criaram, "Santa Fé", assim, implicitamente vemos o conflito entre a santa fé e a luxúria do (ex-)Harém. 4 estrelas.
Loucuras de Verão (American Graffiti, EUA, 1973, Dir.: George Lucas, 110 min): Esse filme de certa maneira fez escola e é quase um gênero de filme à parte. Passado em uma noite de verão da Califórnia em 1962, é o retrato de uma época em que a juventude americana ainda não estava mergulhada na Guerra do Vietnã, o movimento Hippie engatinhava (nem sequer aparece no filme), e a luta pelos direitos civis dos negros era algo que estava na distante Costa Leste. As preocupações dos jovens naquele tempo eram apenas com o futuro (sair ou não da cidade pequena), namoros e corridas de carro. Com tons autobiográficos, o filme diverte e emciona. 5 estrelas.
Besouro Verde (The Green Hornet, EUA, 2011, Dir.: Michel Gondry, 119 min): Os minutos iniciais do filme me deram a impressão que o filme seria muito ruim; mas para minha surpresa o filme diverte muito, escrito por Seth Rogen (o tal besouro verde), o filme é repleto de diálogos e situações engraçadas. Mas também não espere muito mais dos filmes, já que a ação não é lá essas coisas. Mas ainda assim as risadas compensam o ingresso. 3 estrelas.
*Os filmes da semana são mini-críticas, altamente pessoais e subjetivas, sobre os filmes que eu vejo durante a semana. O cartaz do post é sempre do filme que eu mais gostei.